Depois de duas horas de intenso combate o navio português tinha esgotado as suas munições e sofrera inúmeros e graves danos, iniciando-se o seu abandono ainda sob fogo do inimigo.
O salva-vidas, o primeiro a largar do navio, viria a ser intercetado pelos alemães para a habitual identificação do navio e do seu pessoal, sendo depois mandado embora.
Depois de uma viagem à vela de 48 horas, atingiria a ilha de Santa Maria no dia 16 de Outubro com 27 homens.
Entretanto fora posto a navegar uma baleeira que se ia enchendo de água sendo impossível ser utilizada. Havia um bote mas que não estava preparado para o abandono. Este tinha um rombo feito pelo mesmo tiro que matara Carvalho Araújo.
Foi então lançada ao mar uma jangada, onde se agarraram os últimos sobreviventes.
Estes passaram cerca de hora e meia agarrados à jangada. Viram o salva-vidas atracar ao submarino e pouco depois fazer-se ao largo. Gritaram novamente por ele, mas sem qualquer resposta.
Os portugueses foram recolhidos a bordo do submarino onde lhes foram prestados os primeiros socorros. Arnauld de la Perière fez questão de saber o nome do Comandante do Augusto Castilho e elogiou a sua coragem. Alguns marinheiros foram a bordo do navio Patrulha para preparar o bote, que chega com o rombo tapado com um sobretudo e alguns trapos velhos. Foram então encaminhados em direção a Ponta Delgada. Não tinham agulha e apenas tinham uma ancoreta com 15 litros de água. Os alemães não tinham deixado trazer nada.
O bote trazia dois remos e nem sequer uma vela. Mas às escondidas dos alemães conseguiram mais dois remos.
Estava pronta a embarcação para navegar 200 milhas: uma caixa de bolacha, uns pães, uma lata de atum, uma ancoreta com 15 litros de água e quatro remos.
Por volta das 11h30 iam começar para os últimos a abandonar o navio, os maiores sacrifícios.
Armando Ferraz distribuía a água e os poucos mantimentos, e os marinheiros não se queixavam. Eram obedientes e disciplinados. Tinham calculado uma viagem de sete dias.
A chuva, o vento e as enormes vagas não ajudavam. A embarcação metia água o que os atrasava ainda mais e os deixava completamente desanimados. O cansaço era visível na cara daqueles valentes homens.
No terceiro dia o tempo melhorou, o tempo aqueceu, e a bordo estavam todos mais animados. No dia 18 pelas 11h00, um marinheiro, que remava de pé, lavado em lágrimas exclamou: Terra!
A alegria dos sobreviventes era indiscritível. A terra avistara-se a 40 milhas e faltavam mais 24 horas de caminho. Às 11h00 do dia 20 chegaram à Ponta do Arnel. Ao final da tarde embarcaram na Canhoneira Ibo com destino a Ponta Delgada, onde foram internados no Hospital da Santa Casa da Misericórdia.
Chegaram a Santa Maria:
Samuel da Conceição Vieira, Aspirante de Marinha
Manuel Roque, 2º Sargento de manutenção
Acácio Alves de Moura, 2º Sargento Enfermeiro
José Maria, Cabo de marinheiros
Joaquim da Encarnação, Cabo de marinheiros
José Rodrigues Manteigueiro, 1º Artilheiro
Augusto Ferreira, 1º Artilheiro
Lucas Marques Vitória, 1º Artilheiro
Manuel da Silva e Souza, 2º Artilheiro
José da Rocha, 2º Artilheiro
José Francisco Martins, 2º Artilheiro
Manuel Fortunato Vieira, 1º Fogueiro
Francisco António Vicente, 1º Marinheiro
Álvaro Madeira, 2º Marinheiro
Manuel de Freitas, 1º Grumete
Silvestre Augusto de Caldeira, 1º Grumete
Francisco Ferreira Rodrigues, 1º Torpedeiro
Alberto dos Santos, 2º Fogueiro
Francisco Alexandre, 2º Fogueiro
José Rebelo Coelho, 2º Fogueiro
José Ribeiro Espada, 2º Fogueiro
João Monteiro, Chegador
José Augusto, Chegador
Januário da Silva, Chegador contratado
João Mirão, 2º Marinheiro
João Pereira da Bela, 2º Marinheiro
Jerónimo André Sennes, Cozinheiro
NOTA: Esta relação de mortos e feridos foi efectuada pelo Comando de Defesa Marítima dos Açores, em Ponta Delgada, a 8 de Novembro de 1918
NOTA: Esta relação de mortos e feridos foi efectuada pelo Comando de Defesa Marítima dos Açores, em Ponta Delgada, a 8 de Novembro de 1918
Chegaram à Ponta do Arnel:
Manuel Armando Ferraz, Guarda Marinha
Luiz José Simões, Sargento Ajudante c/ Maquinista
José Ribeiro Nobre, 2º Sargento
João Loureiro, Dispenseiro
Álvaro Fernandes, 1º Artilheiro
Gregório, 1º Marinheiro
Francisco Pires Louro, 2º Marinheiro t.s.
Isidoro Manuel Pereira, 1º Grumete t.s.
José Batista Martins, 1º Grumete man.
José Pereira Constâncio, 2º Fogueiro
António Francisco Borges, 1º Sargento c/ maq.
Manuel de Sousa Fernandes, 2º Marinheiro
NOTA: Esta relação de mortos e feridos foi efetuada pelo Comando de Defesa Marítima dos Açores, em Ponta Delgada, a 8 de Novembro de 1918